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BLOG MAR & DEFESA

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Medalhas Militares

Atualizado: 14 de jan.

Francisco Novellino*



MAR & DEFESA | 08 DE JANEIRO DE 2024




Para que servem - ou deveriam servir - as medalhas militares? Supõe-se que, originalmente, para distinguir os militares que tenham se portado de maneira excepcional em combate, geralmente com o risco da própria vida.


Vejamos, por exemplo, três exemplos emblemáticos de medalhas militares. A Victoria Cross (VC), do Reino Unido, a Medal of Honor (MH), dos EUA, e a Purple Heart (PH), também norte-americana. Nesses três exemplos, os agraciados, sem exceção, fizeram jus às condecorações por haverem sido reconhecidos pelos seus chefes militares e governos como  heróis da Pátria, por haverem se conduzido com "bravura notável, ou por algum ato de valor ou de auto-sacrifício, ou extrema devoção na presença do inimigo" (requisitos da VC), ou "de maneira notável, por bravura e coragem com o risco da própria vida acima do dever, enquanto engajado em ação contra um inimigo dos Estados Unidos", requisitos da MH ou, no caso da PH, por terem sido feridos ou mortos em ação. Cabe ressaltar que muitos agraciados recebem essas medalhas postumamente, pelas mãos de seus familiares. Estão igualmente vivas na memória as imagens das cerimônias de entrega da Eisernes Kreuz - EK (Cruz de Ferro) alemã, que muitos acreditam ser uma criação da Alemanha Nazista, mas que na verdade foi instituída ainda durante o Império Alemão. O que Hitler fez foi sobrepor à medalha - lamentavelmente - a suástica do seu partido. Pois bem, para que fizessem jus à EK, os militares alemães, em todas as guerras, deveriam haver demonstrado em combate o mesmo valor e coragem exigidos nas três medalhas supra citadas. A EK vigora até hoje na Alemanha moderna, mas desde 1945 não mais foi concedida a nenhum militar, o que demonstra a seriedade do Estado alemão na concessão dessa medalha.


O Brasil é pródigo na distribuição de honrarias. Da chegada de D. João VI à deposição de D. Pedro II decorreram 81 anos, tempo suficiente para que fossem concedidos mais títulos do que em sete séculos de monarquia portuguesa. E os militares brasileiros seguiram a tradição. A maior parte das medalhas que vemos ostentadas no peito dos militares não refletem necessariamente sua competência ou coragem no exercício da função militar. Medalhas que duramente são conquistadas por militares da Ativa são fartamente distribuídas a civis, em especial os da classe política, em troca da boa vontade destes na liberação de verbas para as forças, ou simplesmente por serem partidários do governante de plantão.


Mas nem tudo está perdido. Felizmente existem exceções: são as medalhas que atestam o tempo do militar em serviço ativo, as medalhas de primeiras colocações em cursos de carreira, e as que comprovam o tempo que o militar passou em atividades operativas (treinamento para combate ou combate efetivo). A essas, podemos acrescentar os diplomas de horas de imersão, mergulho e voo, e os de número de saltos com paraquedas, aos quais igualmente o militar fez por merecer por seu próprio esforço, e não por influência externa.


Um segundo consolo é que, enquanto existir a Coréia do Norte (vide foto) dificilmente o Brasil conseguirá ocupar o primeiro lugar no ranking de número de medalhas penduradas em fardas.


Walther Nicolai, oficial do exército alemão e chefe do serviço de inteligência durante a I Guerra Mundial, afirmou certa vez que “a guerra é a mais elevada destinação do homem, sem a qual a humanidade recai no materialismo, no ateísmo e na indolência”. Não pretendemos aqui endossar literalmente esse pensamento, mas certamente que uma guerra iria ajudar a expurgar das nossas Forças Armadas tudo o que é secundário. Simultaneamente, exporia o despreparo e desinteresse da classe política brasileira para lidar com o tema Defesa. Enquanto isso não ocorre, "medalha, medalha, medalha", como exigia Muttley, cão de guarda e companheiro de corridas de Dick Vigarista, da Corrida Maluca.


* Francisco Novellino, Capitão de Mar e Guerra (Ref.), aperfeiçoado em Submarinos, é Mestre em Ciências Navais pela Escola de Guerra Naval e em Política e Estratégia Militares pela Escola Superior de Guerra. É editor e administrador do Blog MAR & DEFESA. Lamenta ter sido reformado antes que pudesse fazer jus à quarta âncora da Medalha Mérito Marinheiro, mas ostenta com orgulho na parede do seu escritório seu diploma e a medalha de 3 Âncoras, e seu diploma de 8.000 horas de imersão em submarinos.

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